Após sucesso de ‘Choque de cultura’, Caito Mainier estará em três filmes em 2018
Humorista também quer rodar longa do ‘Falha de cobertura’
RIO — Até 2016, Caito Mainier acreditava que escrever e atuar eram atividades paralelas ao seu trabalho como educador. A repercussão de “Lady night” e de “Choque de cultura” transformou essa realidade. O roteirista de Niterói parou de dar aulas em cursos técnicos, mudou-se para São Paulo para ser um dos redatores-chefes do premiado programa de Tatá Werneck no Multishow e viu o motorista de van Rogerinho do Ingá, personagem que interpreta na atração no YouTube, transformar-se em uma sensação da internet. A ótima fase rendeu convites para participar de três filmes, todos com estreia marcada para 2018.
Mainier estará em cartaz com as comédias “Quase uma dupla”, “Chorar de rir” e “Os salafrários” nas quais dividirá a tela com Cauã Reymond, Leandro Hassum e Marcus Majella, respectivamente. Além disso, quer rodar em 2018 “Passaporte para a Ucrânia”, projeto que divide com Daniel Furlan e se baseia no programa de humor esportivo “Falha de cobertura”, sucesso no YouTube desde 2014.
Foi Furlan quem o convenceu a sair dos bastidores e ir para a frente da câmera. Até interpretar o Cerginho da Pereira Nunes, comentarista de alfabetização incompleta que se consagrou no “Falha”, Mainier era conhecido só como roteirista e montador.
— Em 2013, me botaram para apresentar o último ano do “Rockgol” na MTV e perguntaram se eu conhecia alguém pra comentar futebol de uma maneira engraçada. Disse que conhecia a única pessoa possível, mas que ia dar um certo trabalho para ela aceitar — lembra Furlan. — Ele acabou concordando, com a ressalva de que não fosse com o próprio nome.
Antes de Furlan, Terêncio Porto e Adriana Nolasco já haviam tentado. Eles queriam que Mainier fosse o apresentador de “Larica total”, mas ele não concordou de jeito algum. No fim, ficou responsável, junto com Leandro Ramos e Felipe Abrahão, por roteiro e direção da atração que oferecia receitas gastronômicas inusitadas.
— Pensei que eles estavam doidos — conta Mainier. — Tanto que logo fomos procurar atores. Ainda bem, porque achamos o Paulo Tiefenthaler, que deu vida ao “Larica”.
Tiefenthaler, por sua vez, avalia a contribuição de Mainier para o sucesso de “Larica”, cujos 74 episódios foram exibidos pelo Canal Brasil até 2012 (com direito a um prêmio APCA de melhor humorístico, em 2009):
— Além do texto, ele era a figura central na parte da direção. Ele é naturalmente engraçado e agora está se soltando.
Quando completou 40 anos, Mainier recebeu uma lisonjeira homenagem de Tatá Werneck no Instagram, que contou como o conheceu: “Hoje é aniversário do meu amigo que é gênio. Me apaixonei por ele por um áudio. Passei mal de rir”, escreveu ela.
Além dos convites para outros trabalhos, a transição para as telas trouxe outra mudança palpável para a carreira de Mainier. No início deste mês, encarou um auditório lotado na Comic Con Experience ao lado de Furlan, Ramos e Raul Chequer. Eles são companheiros na concepção de “Choque de cultura”, que vai ao ar toda quinta no YouTube. Os quatro vivem motoristas de transporte alternativo do Rio. Com a malandragem peculiar da categoria, são responsáveis por comentar novidades da cultura pop. “Animais Fantásticos e onde habitam” vira “Harry Potter sem Harry Potter” e “Stranger things” é “novela de criança”.
— Acho que os fãs se identificam com as máximas dos personagens. A repercussão tem um pouco a ver com a cultura do meme. Logo depois dos episódios, eles já pegam as frases para produzir montagens que viralizam tanto quanto o programa.
Só os dois episódios da segunda temporada da série foram assistidos por 420 mil pessoas. O grupo está envolvido em outros projetos elogiados pela crítica, como “Irmão do Jorel”, animação do Cartoon dirigida por Juliano Enrico, “Décimo andar”, do Canal Brasil, e o “Último programa do mundo”, que passou por MTV e FX e estreia na web em 10 de janeiro.
Mainier tem expertise em fazer os internautas rirem. Em uma época anterior às redes sociais, o “Baralhinho do momento”, jogo criado por ele, fez sucesso com cartas de indicações irreverentes (“Calma”, “Chora”, “Não mete essa”) para serem usadas em momentos-chave da vida real.
— O maior elogio que o “Choque” já recebeu foi o de um cara indignado que comentou “claramente são atores” no vídeo. Quer aplauso melhor?