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irving penn, miles davis, tutu e o beijo na boca…

FOTO DE CAPA, ÁLBUM TUTU DE MILES DAVIS

Foto de Capa #4: O tríptico de grandes planos de Miles Davis para a capa do álbum Tutu (1986), da autoria do fotógrafo americano Irving Penn permanece até aos dias de hoje como um conjunto de imagens das mais icónicas do lendário músico de jazz norte-americano. Sob orientação artística de Eiko Ishioka (que recebeu um Grammy em 1987 pela direcção artística do álbum) o artwork de Tutu apresenta na capa um grande plano a preto e branco do rosto de Miles acentuando as suas feições angulares e carregadas e captando uma expressão grave que em muito reflecte o seu reconhecido carisma; na contra-capa outro grande plano mas com o músico de olhos fechados e mãos a cobrir as faces do rosto; e na capa interior uma imagem igualmente icónica e sugestiva da sua mão esquerda com o dedo do meio dobrado como se estivesse a tocar num pistão do trompete. O contraste nas três imagens reforçando cada detalhe, desde os lábios e as rugas nos olhos na foto de capa até às linhas na palma da mão na capa interior, eram marcas de autor na fotografia de Penn, falecido em 2009, e que deixou atrás de si um vasto trabalho fotográfico marcado pelo uso do preto e branco e recurso a contraste acentuado em composições simples, sem grandes adereços, mas de grande impacto visual. Num artigo publicado na Vogue em Novembro de 2004, Penn desvendou alguns detalhes da sessão fotográfica, nomeadamente o facto de Miles Davis ter de início mantido uma atitude de total indiferença mas no final da sessão, que durou aproximadamente uma hora, se despedir de Penn com um beijo na boca. Penn diria ainda que tendo, apenas posteriormente, conhecido a música de Miles Davis, a mesma se lhe revelou como sendo arte visual da mais profunda que tinha conhecido.
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vale clicar AQUI pra assuntar o post sobre a expo de irving penn, em são paulo/outubro2018.
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o titanic (ou o insta do jornalista ledio carmona)…

A quantidade de festas clandestinas no carnaval só desmascarou de vez a sociedade brasileira. Egoísta, paneleira, prepotente e que tem repulsas às regras, ao outro e, principalmente, a quem pensa diferente. Conheço gente que tem “nojo” de A a Z. Só gosta da sua curriola, do seu nicho, da sua bolha. E assim age a maioria. Boa parte das amizades se esfacelaram na pandemia. Por causa do isolamento? Talvez. Mas, no meu modo de ver, porque a tragédia desnudou as pessoas. O Brasil é o Titanic afundando e todos os grupelhos se matando para pegar um bote de salva-vida na frente do outro. Dane-se você. Eu vou primeiro. Como diria um amigo querido, o Brasil deveria ser rebatizado. Ele sugere “Que se f…” Outro amigo recomendou “E dai?”. Eu sugiro o isolamento. Para sempre. Você não vai perder muita coisa.

DAQUI

onaicram, o #425 e o rádio brasileiro indo pro ralo…

Assunto: Fim de Papo

“Salve, meus camaradas.

Parabéns por mais um ótimo programa. Total oásis no deserto. Só de ouvir Ohio Players e a voz da Ana Bahiana já valeu a noite. Sem falar, que finalmente encontrei uma alma que não é tão fanática assim pelo quase unânime Radiohead. Como diz o Lulu, “Não vou dizer que foi ruim. Também não foi tão bom assim …. “.

Mas, o que realmente pegou nessa semana foi essa noticia… AQUI

Caraca!! Sintonia total com o que vocês falaram outro dia sobre o rádio. Será que ele morreu de vez como meio de comunicação diversificado? O dial virou o paraíso evangélico? Cara, sem querer me meter no angu alheio, mas não é uma boa pauta para a pastelaria virtual?

Abraços fraternos,”

Onaicram.

milton mandou pra gente (ou a abundância de “podcats”)…

Profecias

– Talvez logo haja mais influenciadores do que público a ser influenciado

“Comentando a proliferação de músicas na internet, meu amigo Dadi, lendário baixista dos Novos Baianos, previu que, pelas facilidades da produção digital, viveríamos um tempo em que teremos mais artistas do que público — e os artistas terão que pagar para serem vistos. É engraçado, mas estamos quase lá, como mostrou a quarentena, quando as limitações de contato físico e as facilidades tecnológicas geraram uma torrente de artistas e “artistas” nunca imaginada. Afinal, já existem máquinas de ritmo e programas digitais que fazem música sozinhos e até filtros que afinam a voz de qualquer desafinado, rompendo a última fronteira entre a arte e a fraude. Ou quem sabe criando uma nova forma de arte em que a tecnologia serve à criatividade sem limites. Ou atualizando o lema do Cinema Novo, “uma ideia na cabeça e uma câmera (de celular ) na mão”.

Como previu Tutty Vasques, no início da era das celebridades, o conceito de privacidade sofreria grandes transformações e viveríamos uma era não mais de invasão, mas de “evasão da privacidade”, em que profissionais e amadores exporiam suas intimidades para desconhecidos por livre vontade, em busca de aprovação, popularidade e dinheiro. As redes sociais confirmam a profecia.

É conhecida a profecia de Andy Warhol, em 1978, de que no futuro todo mundo seria famoso por 15 minutos. Mas foi ultrapassada, porque hoje cada um pode ter seu próprio canal de TV, sua rádio, seu jornal e sua revista digitais, para fazer o que quiser, se exibir dia e noite em busca de seguidores e patrocinadores. Os antigos formadores de opinião foram substituídos pelos influenciadores digitais, que não precisam de nenhuma formação especial nem de autorização de ninguém, e, democraticamente, qualquer um pode ser. Talvez logo haja mais influenciadores do que público a ser influenciado.

No início da pandemia, o ex-ministro Osmar Terra previu dois mil mortos, e o ministro da Saúde Mandetta profetizou 180 mil se não houvesse ação do governo, mas Bolsonaro o ignorou e o demitiu.”

Nelson Motta

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